A técnica de dissecção de fibras é um método clássico, utilizado por renomados anatomistas do passado, para a demonstração dos tratos e fascículos integrantes da substância branca do cérebro. Esta técnica, utilizada desde o século XVII, envolve a dissecção em camadas da substância branca cerebral para demonstrar passo a passo a organização anatômica interna do parênquima. A complexidade da preparação do cérebro e da dissecção das fibras fez com que esse método fosse negligenciado por décadas. Com a possibilidade contemporânea e inédita de se visualizar os feixes de substância branca do encéfalo in vivo pela ressonância magnética, os fundamentos anatômicos antigos obtidos com a clássica técnica de dissecção de fibras tornam-se, paradoxalmente, ainda mais relevantes e atuais.
Este trabalho descreve as principais etapas da técnica de dissecção de fibras, aprimorada por Joseph Klingler e revitalizada na última década por M. G. Yasargil e Ügur Türe, como uma forma de entendimento da anatomia intrínseca tridimensional do encéfalo para o uso clínico. Este estudo também busca explorar as potencialidades dessa verdadeira “dissecção virtual” através da ressonância magnética (tratografia) em reproduzir e complementar o conhecimento anatômico das fibras obtido pelo método clássico