Anatomia microcirúrgica da linguagem
O modelo localizacionista, que se concentra em áreas corticais clássicas como as de Broca e de Wernicke, não consegue mais explicar adequadamente o funcionamento do processamento da linguagem. Nos últimos anos, diversos estudos têm revelado novas áreas corticais e subcorticais relacionadas à linguagem, levando a uma transição de conceitos localizacionistas para um modelo que destaca as conexões entre diferentes regiões cerebrais. Essas pesquisas descrevem o processamento da linguagem como uma rede complexa e extensa, envolvendo múltiplas áreas corticais interconectadas e vias subcorticais, em contraste com o circuito clássico proposto pela perspectiva localizacionista.
Esse modelo moderno foi desenvolvido graças a uma mudança de paradigma no tratamento de tumores cerebrais, especialmente gliomas de grau baixo. A abordagem padrão de excelência para lesões no hemisfério dominante agora envolve ressecções totais ou supratotais, utilizando mapeamento cortical e subcortical em pacientes acordados. Este artigo, derivado da tese de mestrado da Dra. Clarissa e orientado pelo Prof. Gustavo Isolan, revisita a anatomia microcirúrgica da linguagem e sua relevância na cirurgia de gliomas de baixo grau e glioblastomas. A pesquisa foi publicada na Clinical Anatomy, uma das revistas mais conceituadas na área de anatomia.